Os Governantes: de Palmyra a Santos Dumont.

hQuando eu, naquele distante 24 de julho cheguei na minha querida Palmyra, a cidade era administrada pelo Presidente da Câmara, então Dr. José Vieira Marques, por quem tenho, até hoje extrema admiração. Vieira Marques foi um dos maiores homens que nosso Município conheceu, o que mais bem praticou como chefe do Executivo, como Deputado Estadual, como Secretário de Estado, como Chefe de Policia de Minas Gerais e como Deputado Federal. Falecido em 1946, tive o prazer de conhecê-lo e tomar conhecimento da amizade que meu pai nutria por ele desde quando foi o sue cabo eleitoral.


OS PRESIDENTES DA CÂMARA:

Muito pouca gente sabe que até 1930 não havia prefeituras no Brasil. Os municípios eram governados pelos presidentes das Câmaras Municipais. Um fato curioso é que o prédio da Prefeitura não é da Prefeitura, o prédio é da Câmara Municipal de Santos Dumont; construído na administração de José Guilherme de Almeida, um dos presidentes de Câmara que muito trabalhou pelo desenvolvimento desta Palmyra que eu vi nascer.

Na instalação do Município de Palmyra, por ato do Governador provisório de Minas Gerais, José Cesário de Faria Alvim, hoje nome da principal praça de nossa cidade, foi nomeado o primeiro presidente de Câmara de Palmyra, o médico Dr. Carlos da Silva Fortes, governou de 17/02/1890 a 1892.

Os outros presidentes de Câmara que administraram o Município foram:

Vigário José Augusto de Almeida – 1892 / 1892

Capitão Nestor Rodrigues de Oliveira – 24/12/91 a 07/03/92

José Carlos da Silva Fortes foi o primeiro presidente eleito e governou até 1894.

Vigário José Augusto de Almeida, Vigário da Paróquia foi o quinto presidente da Câmara.

Dr. Antonio Vieira Braga foi o sexto presidente , renunciou em 1900.

Domingos Scaldaferri Ladeira foi o oitavo presidente. Foi na sua administração que a cidade ganhou água encanada. Exerceu a provedoria da Santa Casa, foi o idealizador da Rui Barbosa e retificou o Rio das Posses. Musico e Industrial, foi ele o construtor do belo edifício que é o clube Palmirense (hoje Câmara Municipal), doado por ele para a Santa Casa.

Dr. José Vieira Marques foi o nono Presidente, substituído pelo grande Sandumonense José Guilherme de Almeida, um dos responsáveis pelo progresso de Palmyra. Em seu governo foram construídos o Grupo Escolar Vieira Marques e o prédio da Prefeitura , na época Câmara Municipal e Fórum. O prédio custou 70 mil contos de reis e a Prefeitura entrou com o terreno.

Dr. José Vieira Marques volta em 1923 à Presidência da Câmara. Em 1926 ele passa a Presidência para Flavio Barbosa de Mello Santos.

Manoel Ribeiro de Paiva foi o ultimo Presidente de Câmara do Município de Palmyra. Ele governou até 11 de dezembro de 1930, como Presidente da Câmara. A revolução de 30 estava nas ruas desde o dia 03 de outubro durando apenas 21 dias, porque a 24 de outubro Washington Luiz foi deposto e uma junta governativa assumiu o governo depois assumido por Getulio Vargas que organizou um Governo Provisório. Foi nesta época que a cidade de Palmyra ficou totalmente deserta .

Jacques Pansardi, unido ao Dr. José Vieira Marques, foi nomeado Prefeito Municipal, em substituição a Manoel Ribeiro de Paiva nomeado em 11 de dezembro de 1930 pelo Presidente de Minas, Olegário Mariano. Jacques Pansardi foi prefeito em de 1931 até 1947, dois anos depois da II Guerra Mundial. Assim surgiram os primeiros prefeitos de Santos Dumont. A vida de Jacques Gabriel Pansardi está resumida no Livro “Uma cidade à beira do Caminho Novo”, do historiador Oswaldo H. Castelo Branco, assim iniciada: “Foi um grande prefeito que serviu à cidade por mais de 15 anos, quando o orçamento da Prefeitura era modesto: 300 mil cruzeiros por ano. Realizou uma obra fecunda, nem tanto por grandes empreendimentos, mas por um trabalho constante de infra- estrutura. Naquele tempo não era habito colocar placas nas obras realizadas, nem mesmo nome nos veículos, mas as obras eram realizadas pela consciência de quem se sabia responsável pelo crescimento do município”.

Tive a felicidade de conhecer, dos Presidentes de Câmara relacionados, José Guilherme de Almeida do qual me lembro sentado no velho coreto guarda-chuvas do jardim, nas tertúlias ali realizadas entre funcionários do fórum e da Prefeitura. Lembro-me muito do José Vieira Marques, que faleceu quando eu ainda era jovem e não entendia a importância que tivera na construção desta cidade que ele adotava Omo sua. Nas paginas dedicadas a ele, no livro de Castelo Branco, está escrito: “Veio para ser grande e não será esquecido, porque viveu obstinadamente para duas categorias que duram -a sua terra e o seu povo”. Ainda me lembro muito bem da imponente figura de Jacques Pansardi, montado em seu cavalo ou fazendo o trajeto da Prefeitura até a sua residência na Rua Afonso Pena. Lembro-me dele quando eu, garoto ainda, ia à sua casa levar o exemplar do jornal “ A Noite “ que ele assinava. Muitas vezes ele recebia o jornal e eu ouvia um muito obrigado dado com um sorriso simpático.

Passadas essa fase em que a cidade foi governada por Presidentes de Câmara e Prefeitos nomeados, Santos Dumont entra numa segunda fase, em 1945 termina a Guerra, Luiz Carlos Prestes é solto, funcionários do Ministério do Trabalho fundam o PTB, as Forças Armadas depõem Getulio Vargas, aparece o Partido Comunista, o Partido Social Democrático e a União Democrática Nacional com a inesquecível candidatura de Eduardo Gomes que perde as eleições para Marechal Dutra. Prefeitos nomeados são substituídos. No Rio é nomeado João Alberto e em santos Dumont é nomeado Eugenio Borges Ferreira. Em 1947 Pedro Jacob Boecke o substitui, nomeado por ato do Governador Milton Campos. Em 1947 acontece a eleição primeira para prefeitos em todo Brasil, e Santos Dumont entra numa nova fase política.

A soma de tudo isso fazia de Santos Dumont uma cidade progressista e de elevada importância junto ao governo estadual. Esses homens estão com seus nomes perpetuados na historia dessa Palmyra que eu conheci e desta Santos Dumont que eu vi nascer..

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