A Família de Alberto Santos Dumont

Alberto Santos Dumont nasceu aos 20 de julho de 1873, em Cabangu, local situado no distrito de João Gomes (Minas Gerais).

Pelo lado materno, Santos Dumont descendia de portugueses, pois seu bisavô, o médico da corte Dr. Joaquim dos Santos, veio para o Brasil na mesma época em que Dom João se transladou para o Brasil com a Coroa portuguesa, fugindo das guerras napoleônicas. Um dos filhos do Dr. Santos, Francisco de Paula Santos, já brasileiro, radicou-se em Ouro Preto, então florescente capital da Província de Minas, e iria ser avô do “Pai da Aviação”. Sua esposa, Dona Rosalina era ouropretana, bem como, todos os seus filhos.

Pelo lado paterno, Santos Dumont era de descendência francesa, pois que seu avô, o parisiense François Dumont, veio para o Brasil em companhia de sua esposa, Dona Eufrásia François Honnorée Dumont, filha de rico ourives de Bordeaux, na primeira metade do século XIX, e se estabeleceram em Diamantina, com negócios de mineração de ouro e lavra de diamantes. Por coincidência, e na mesma época, outras famílias francesas vieram estabelecer-se em Minas Gerais. Um dos filhos do casal, Henrique- que seria o pai de Alberto Santos= Dumont, e nascido em Diamantina em 1832, foi muito cedo levado para a França por um seu padrinho, francês, que residia em Diamantina. Em Paris, Henrique cursou a Escola Central de Engenharia, onde se diplomou, voltando ao Brasil, e radicando-se primeiramente em Ouro Preto, capital da Província de Minas Gerais. Ali conheceu então a jovem Francisca Paula Santos, filha do abastado negociante e minerador Paula Santos, filho do Dr. Joaquim Santos, médico da Corte. O Comendador Paula Santos era homem de fortuna, de muito conceito e muito “sistemático”, segundo os biógrafos de seu ilustre genro. O casamento de sua filha Francisca com o jovem engenheiro, diplomado na França, Dr. Henrique Dumont, se deu em 1856 em Ouro Preto, onde nasceram os dois primeiros filhos: Henrique e Maria Rosalina. O Dr. Henrique trabalhou alguns anos em Ouro Preto, em mineração, com o sogro, mas pouco depois desejou trabalhar por conta própria, e em sua profissão. Adquiriu da Coroa em sociedade com seu sogro, Comendador Paula Santos, a grande Fazenda da Jaguara, de alguns milhares de alqueires, situada nas margens do Rio das Velhas, no município de Santa Luzia. Supunha ali encontrar ouro e outros metais, mas encontrou apenas (mas em grande quantidade), calcáreo, e madeiras; estas vendia à Mina do Morro Velho, de Congonhas do Sabará, hoje Nova Lima. Na mesma época em Sabará, trabalhou como engenheiro da Estrada de Ferro Dom Pedro II, na construção do novo trecho, principalmente na execução de uma ponte de madeira sobre o Rio das Velhas. Também a antiga ponte de madeira sobre o mesmo Rio, que dava acesso à cidade de Santa Luzia, teria sido construída pelo Dr. Henrique Dumont. Na Fazenda da Jaguara nasceram mais três filhos do casal, Gabriela , Virgínia e Luis. Interrompidos os trabalhos da Mina de Morro Velho, em 1872, devido a incêndio e conseqüente desmoronamento, O Dr. Henrique resolveu vender a Jaguara ao Dr. George Chalmers, inglês, Diretor-Superintendente da Mina. Na construção de outro trecho da Estrada de Ferro Dom Pedro II, entre Barbacena e Juiz de Fora, o Dr. Henrique ficou responsável por uma parte, situada na acidentada Serra da Mantiqueira. E para lá se mudou em com a família em fins de 1872, construindo uma casa (residência do engenheiro), no local conhecido como “Cabangu”, no Distrito de João Gomes. Foi ali que aos 20 de julho de 1873, nasceu o 6º filho do casal, Alberto, que seria mais tarde o ilustre brasileiro, “Pai da Aviação”.

Santos Dumont, nascido em Minas Gerais, iria residir pouco tempo em Cabangu. Terminados os trabalhos de construção do trecho ferroviário confiado a seu pai, a família se mudaria para o estado do Rio de Janeiro, para se estabelecer em fazenda de café, na localidade de Casal, Município de Valença. O Dr. Henrique resolvera se afazendar novamente.

A fazenda de café, em Valença, que era em sociedade com o sogro, fez a propriedade do Dr. Henrique, cuja família se viu aumentada de mais 2 filhos: Sofia e Francisquinha. Eram, agora, oito filhos ao todo. A fama das “terras roxas” do interior paulista chegou até o conhecimento do fazendeiro do estado do Rio, que acabou adquirindo uma grande gleba na região de Ribeirão preto, denominada “Arindeúva”. Quando o Dr. Henrique deixou Valença, em 1878, para ser fazendeiro de café em São Paulo, já levou nada menos de 80 escravos, e 300 contos de réis, verdadeira fortuna na época.

O progressista engenheiro adaptou, em sua grande fazenda de Ribeirão Preto, todos os grandes melhoramentos da época, como tratores a vapor, máquinas agrícolas aperfeiçoadas, e até uma estrada de ferro, de quase 60 quilômetros, para levar o café, da fazenda até a cidade, para embarcá-lo para Santos, para exportação. E foi na imensa fazenda do “Arindeúva” que o pequeno Alberto se desenvolveu, cresceu, fez seus primeiros estudos com sua irmã mais velha, e depois em escola de Ribeirão Preto, depois os preparatórios no “Culto à Ciência” de Campinas e em dois colégios na capital de São Paulo. O gosto pela mecânica, e pela leitura de livros de aventuras e viagens, muito especialmente os de Júlio Verne, tiveram início, para o pequeno Alberto, naquela fazenda. Em 1890, o Dr. Henrique já era considerado o “Rei do Café’, com mais de 5 milhões de pés, e produção de 90.000 sacas, uma verdadeira fortuna! Devido a um acidente de charrete ficou hemiplégico, impossibilitado de trabalhar; vendeu a fazenda a uma grande empresa chefiada por Paulo de Frontin, que depois a revendeu a uma empresa inglesa. O já alquebrado e velho fazendeiro foi à Europa, por duas vezes, tentar sua cura nas termas do Sul da França, mas sem resultado. Em 1892, veio a falecer no Rio de Janeiro. Pouco antes, havia já dividido sua fortuna com os filhos, tendo passado em cartório uma doação especial a seu filho Alberto, quando o aconselhou a ir estudar na França, onde deveria residir em casa de primos. Lembrou-lhe que não haveria necessidade” que se fizesse doutor “, mas deveria tomar professores de Física, Mecânica, Matemática e outras matérias de seu agrado, para aperfeiçoar-se.

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