A Instalação da Intendência - Nasce Palmyra

Dr. Silva Fortes.
Indiquem os amigos cinco nomes para Intendentes e Adjuntos para Palmyra onde o povo pagará impostos, cordiais saudações,

Dr. Cesário Alvim
Governador.

A resposta foi imediata talvez até mesmo por telegrama, pois que das conversas que a longa espera impunha já teriam acertado sob a liderança do grande vitorioso, quais seriam os primeiros dirigentes da terra Palmyrense.

Este telegrama acendeu no ânimo que os conheceram viva inquietação e maior entusiasmo. Aquele em que por decisão expressa do Governador Cesário Alvim o município seria instalado e rompidas as amarras, caminharia sozinho para o destino glorioso que a autonomia lhe assegurava, que queria ser senhor dos seus destinos, dono de seu progresso, batalhadores sem a medida de sacrifícios, para que tudo fosse para o melhor e Palmyra seria mais uma unidade administrativa de Minas Gerais.

Certamente não tardaria a noticia definitiva que o Dr. Carlos da Silva Fortes e Vigário José Augusto de Almeida e toda a população, os tradicionais do Clube João Gomes aguardavam.

Avisado com antecedência da possibilidade da vitória, Florêncio, o fogueteiro Mor da Vila atendeu de pronto as encomendas que lhe foram feitas desde logo, não tardaria muito o fogueteiro funcionaria, acordando os mais descrentes, que os havia em numero razoável e de toda a população da Paróquia. E a casa Albanese a mais próxima da rua do Martinho, passou logo a medir sucessivamente martelos do bom vinho importado ao povo que despertado pelos foguetes de Florêncio, vibrando de entusiasmo pela grande vitória conquistada. E os mais entusiasmado, os publicanos beveria tardar mas também pela autonomia de Palmyra.

Meses se passaram ligeiros e de novo a população enchia as ruas da pequena vila, desta vez a noticia vinhada corte, era a proclamação da Republica, de novo o foguete de Florêncio era queimado em abundância e as noticias vinham no jornal do “Comércio”. Conseqüência de duas crises maiores que avassalaram o Império: a abolição e a Guerra do Paraguai a que se associou a questão militar e o certo é que houve e para sempre vencidas as crises, que se sucederam o quinze de novembro de 1882. A família real tinha sido banida e o Marechal Deodoro assumia a Presidência da Republica.

O documento que proclamava a Republica vinha assinado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, chefe do governo; Aristides Lobo, Ministro do Interior; Ten. Cel. Benjamim Constant Botelho de Magalhães, Ministro da Guerra; chefe e esquadra Eduardo Wandenkolque, Ministro da Marinha; Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores.

Período agitado de emoções e de surpresa a 10 de Fevereiro de 1890 José Cesário de Faria Alvim assumiria o governo provisório do Estado, dava cumprimento a Lei Provincial que criara o Município de Palmyra dispondo pela sua instalação mediante o oficio do teor seguinte:

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
4ª Secção
Ouro Preto 10 de fevereiro de 1890.

Comunicando-vos da minha resolução desta data nomeei-vos para compordes o conselho de Intendência deste município, recomenda-vos que assumais o exercício das vossas atribuições, que são as mesmas confiadas às Câmaras Municipais sobre preceitos da Lei de 1º de outubro de 1828 e instaleis este Município do qual remeterei copia a este governo.
Saúde e fraternidade

A
José Carlos de Faria Alvim.
Senhores Dr. Carlos da Silva Augusto de Almeida
Antônio Ferreira Costa
Adjuntos
Antônio Ferreira Martins
João Antônio Correia

O Dr. Carlos da Silva Fortes já estaria prevenido não se surpreendendo com a autorização expressa de Cesário Alvim, a qual deu cumprimento imediato com o tempo necessário de convocar os Intendentes, e prevenir o povo de que nesse dia não haveria trabalho e marcou o dia 15 de fevereiro de 1890, no Paço Municipal o casarão da rua do Matinho, a solenidade da instalação do Município mediante a ata do teor seguinte:

ATA DA INSTALAÇÃO DO MUNICIPIO DE PALMYRA E DA POSSE DA INTENDÊNCIA DO MESMO MUNICIPIO.

“ Aos quinze dias do mês de fevereiro do ano de mil oitocentos e noventa, e segundo da República dos Estados Unidos do Brasil, em virtude da portaria do cidadão Governador do Estado de Minas Gerais, datada de dez de fevereiro do mesmo ano, presentes no Paço Municipal os cidadãos nomeados Intendentes: Dr. Carlos da Silva Fortes- Presidente; Padre José Augusto de Almeida, Antonio Ferreira Martins e José Antônio Correa, faltando o cidadão Antônio Ferreira da Costa que participou aceitar a nomeação, pelo Presidente foi lida a portaria acima declarada e convidados os Intendentes e Adjuntos presentes para ocuparem os seus lugares, estes o fizeram ficando instalado o Município de Palmyra e empossados os Intendentes Dr. Carlos da Silva Fortes, Padre José Augusto de Almeida e os Adjuntos João Antônio Correia e Antônio Ferreira Martins. Em seguida o Dr. Presidente nomeou o Secretário Interino da Intendência , e sendo aceita a nomeação, lavrou-se o presente termo que vai assinado por todos, comigo secretário Interino que o lavrei e assino. Sendo este termo lido e aprovado mandou o Dr. Presidente que dele se extraísse uma copia para ser enviada ao cidadão governador deste Estado.
(AA) Dr. Carlos da Silva Fortes
João Antônio Corrêa
Antônio Ferreira Martins
Padre José Augusto de Almeida
Secretário Interino.

Terminada a solenidade para qual o Florêncio por encomenda havia preparado foguetes especiais de dinamite os quais foram queimados estrepitosamente. Era a confirmação de que tínhamos um primeiro auspicioso governo, dentro de um novo e esperançoso regime.

Finda a solenidade em meio o vibrante entusiasmo os caixeiros de Albanese e Companhia voltaram ao trabalho e foi esgotado o estoque do excelente vinho português.

Citamos mais habitualmente Albanese e Companhia , mas não somos dele relações públicas, mas porque estavam situados mais próximos do cenário dos acontecimentos, dos quais resultou a famosa Casa Carlos Pitella, mas haviam outros comerciantes que vendiam vinho na mesma procedência, entre eles Brás Pansarde Irmãos que estavam localizados também na rua do Martinho e Cunha e Irmãos que tinha excelente casa comercial na rua Direita, atual Getulio Vargas.

O povo que enchia as ruas se distribuía pelas casas de sua preferência. Havia banda de musica, é certo que foram consumidos martelos de vinho, até alta hora da noite, naturalmente com algum distúrbio. O entusiasmo pela conquista de 15 de fevereiro não ficou apenas a ele circunscrito, mas dominou a população toda. O entusiasmo era tão grande que os homens ofereciam à intendência para trabalharem sem remuneração e pela alegria, pelo esforço de todos a serem supridas as deficiências locais que eram muitas.

Dois deles no mesmo dia de 17 de fevereiro de 1890 como que combinados previamente, endereçaram a Intendência os seguintes ofícios: “ cidadãos Intendentes do Município da Vila de Palmyra. O cidadão Vicente Albanese, negociante nesta vila, desejando prestar o seu contingente para o engrandecimento desta municipalidade, que ora se inaugura, oferece-se para prestar seus serviços de procurador desta Intendência, por um ano, sem remuneração alguma, prometendo sob sua palavra de honra cumprir satisfatoriamente o bom desempenho que lhe são impostos para o bom desempenho de tal cargo. O peticionário pelo presente, pedivos que declareis se são aceitos os seus ditos serviços”.

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