Histórico do Município de Santos Dumont

A descoberta dos metais preciosos era uma das grandes aspirações do governo português em relação ao Brasil, desde os primórdios de sua colonização. Mas, foi somente em fins do século XVII, que os descobrimentos nas regiões de Minas Gerais viriam a concretizar o sonho português.

Artur de Sá Menezes foi então escolhido governador para executar um programa de descobrimentos de novos veios.

Tornava-se necessário promover a abertura de um caminho que fizesse uma ligação direta entre a sede da Capitania (Rio de Janeiro) e as Minas de Cataguases, região do ouro, uma vez que a antiga rota, mais conhecida como “Caminho Velho”, era longa demais.

Foi assim que Garcia Rodrigues Paes, que estava na ocasião explorando minas na região do Ribeirão do Carmo, se dispôs a abrir uma picada que encurtasse a viagem da Capital à região das minas.

A picada conhecida como “Caminho Novo”, que foi completada por Domingos Rodrigues da Fonseca, venceu a Mantiqueira, encontrou o Rio Paraibuna, margeando-o até a sua barra no Paraíba e, pela Serra dos Órgãos, alcançou o Rio de Janeiro, passando pelo Registro de Paraibuna, Simão Pereira, Matias Barbosa, Sá Fortes, Juiz de Fora, Antônio Moreira, Engenho e Pedro Alves. Partindo assim, da Borda do Campo, onde se reuniram as veredas dos rios das Mortes, das Velhas e Doce. O “Caminho Novo” se encontrava com o “Caminho Velho”.

Assim, às margens do Caminho Novo estavam as sesmarias, cujas concessões visavam, em pleno fastigo de ouro, garantir a formação de lavouras para suprir aos bandeirantes.

Numa delas, requerida por Domingos Gonçalves Ramos à coroa portuguesa em 26 de fevereiro de 1709, despontou um agrupamento com casarios dispersos, o futuro Arraial de “João Gomes”. Nas terras apareciam ranchos onde os viajantes do Caminho Novo se abrigavam. Em época que não se pode precisar(provavelmente após 1730) levantou-se a primitiva Capela de “São Miguel e Almas”, construída por João Gomes.

A imagem de São Miguel, o padroeiro de nossa cidade, que ainda hoje se venera em nossa Matriz, é a mesma trazida por João Gomes e Clara Maria de Melo por volta de 1728/29 de Portugal.

A sesmaria de Domingos Gonçalves Ramos correspondia na época a uma légua de testada de um lado a outro do trecho atravessado pelo Caminho Novo, por três léguas de profundidade. Foi habitada pela família do requerente incluindo seus dois genros: Pedro Alves de Oliveira e João Gonçalves Chaves, presenças fundamentais no povoamento da região.

João Gonçalves Chaves requereu à coroa portuguesa a sesmaria da parte norte, que lhe foi concedida por carta em 17 de janeiro de 1715, correspondendo ao núcleo posterior. João Gomes e Pedro Alves de Oliveira requereram a parte sul, ocupando engenhos e plantações na região que lhes coube. A rocinha de Pedro Alves é hoje a parte da cidade de Santos Dumont.

Com a morte de João Gomes Martins em 1745, sua herança coube por direito de primogenitura, a seu filho Francisco Gomes Martins, casado com Clara Maria de Jesus, que viúva em 1790, teve posse da sesmaria. Mais tarde elas seriam entregue ao filho mais novo de João Gomes, o Inconfidente João Ayres Gomes.

Coube a família de João Gomes Martins, o núcleo primitivo da população, que desenvolveu incorporando o nome de seus proprietários ---Rocinha de João Gomes, Fazenda de João Gomes, Distrito de João Gomes, João Gomes Velho, Palmyra e atual Santos Dumont.

A Capela de João Gomes, que havia sido transferida para outro local em 1788, volta a ser erguida no primitivo lugar, em virtude de provisão de 27 de junho de 1827. Foi quando o povoado tomou algum impulso e foi crescendo, até que a Lei nº 1458 de 31 de dezembro de 1867, elevou o Distrito de João Gomes à categoria de Paróquia.

A região teve um reconhecido progresso com a chegada da ferrovia (Estrada de Ferro D. Pedro II, através do decreto nº 6.238 de 27 de julho de 1876). Com a autorização para a construção da estrada marítima de Gamboa, deu-se início à construção da linha central, ou seja, trechos que cortavam o interior do Brasil ultrapassando montanhas, serras e rios. Com a estrada de ferro, cujo ramal passava na região de João Gomes veio morar na região o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont.

A consagração da Paróquia de João Gomes veio em 27 de julho de 1889 com o decreto nº 73.712, que elevou o distrito à categoria de Vila, sendo escolhido um novo nome “Palmyra”, resolução feita nas dependências do Clube Literário “João Gomes”, presidido por Dr. Carlos da Silva Fortes e o Vigário José Augusto de Lima, sob o governo do Barão de Ibituruna.


A instalação do município: 15 de fevereiro de 1890.

Período agitado de emoções e de surpresa, José Cesário de Faria Alvim, que assumiria o governo provisório do Estado, dava cumprimento à lei Provincial que criara o Município de Palmyra, dispondo pela sua imediata instalação.

Com o crescimento do município as ruas foram alinhadas; teve água potável; iluminação a querosene e mais tarde a energia elétrica.

Além dos serviços públicos muitas empresas foram instaladas no município, entre elas a Fábrica de Coalho Frísia, Companhia de Laticínios Alberto Boeck, Companhia Brasileira Carbureto de Cálcio, Companhia Gráfica de Palmyra, mais tarde Metalgráfica Palmyra.

Na área educaional destacamos entre outros estabelecimentos , o Colégio Normal de Palmyra fundado em 1916 e dirigido a princípio pelas irmãs Franciscanas, mais tarde Congregação das Filhas de Jesus, e depois, Irmãs Escolápias.

Palmyra na década de 20, despontava como cidade dotada de excelente clima, fator fundamental para a audaciosa iniciativa do Dr. Carvalho Leite, em construir o “Hotel de Convalescentes” inaugurado em setembro de 1920. De arquitetura soberba, o estabelecimento foi erguido no topo de um dos morros da cidade. O Hotel mais tarde denominado “Sanatório de Palmyra” teve como um dos primeiros hóspedes o Conselheiro Rui Barbosa.

O desenvolvimento econômico, social e cultural de Palmyra foi muito significativo nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX. A população cresceu e em seu meio se fazia expressivo o número de imigrantes, em especial portugueses, italianos e libaneses.

A década de 30 foi a época de grandes transformações em todos os setores. Pelo decreto nº 10.447, de 31 de julho de 1932, foi sua denominação alterada de Palmyra para Santos Dumont, em homenagem ao seu filho ilustre, Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação.

Na década de 40 a preservação da memória histórica do filho ilustre da terra culminou com a criação da “Fundação Casa de Cabangu”, pelo historiador Sr. Oswaldo Castello Branco.

Com o crescimento do município a Igreja Central foi desdobrada em duas Paróquias: São Miguel e Almas e São Sebastião.

Na área cultural destacamos instituições filantrópicas como o Lions Clube, o Rotary Clube e a Loja Maçônica Antenor Ayres Viana.

Com o passar dos anos o município de Santos Dumont veio se destacando em vários setores da vida econômica, social, política e cultural, enfrentando dificuldades como todos os municípios, porém superando-as na medida do possível.

Hoje o município conta com as Faculdades de Turismo, Normal Superior, Sistemas de Informação, Administração e Comércio Exterior, Letras e Ciências Contábeis, o que muito vem contribuindo com o progresso educacional e cultural de nossa cidade.

A Divisão de Cultura tem realizado um trabalho muito importante e significativo na divulgação de nossas raízes através de eventos culturais e educacionais fundamentais para o crescimento cultural.

Santos Dumont está situada na região sudeste do Estado de Minas Gerais, na Zona da Mata. Ocupa uma área de terreno montanhoso e que apresenta como principal acidente geográfico a Serra da Mantiqueira.

É formado, além da sede, por quatro distritos: Conceição do Formoso, Dores do Paraibuna, São João da Serra e Mantiqueira. Limita-se com as cidades de Ewbank da Câmara, Juiz de Fora, Oliveira Fortes, Antônio Carlos, Barbacena, Aracitaba, Tabuleiro, Piau e Bias Fortes.

Seus principais rios são: Paraibuna, Piau, Pinho, Formoso e Ribeirão das Posses. Possui clima tropical de altitude.

Um privilegiado sistema rodoviário liga Santos Dumont à capital mineira e ao Estado do Rio de Janeiro, através da BR 040, numa distância de aproximadamente 210 Km.

Estando atento as mudanças ocorridas no campo cultural, ou seja, aos parâmetros que norteiam uma nova maneira de se construir a história, o Município de Santos Dumont, desde de 1997 vem se empenhando efetivamente na implantação de uma política que busque a conscientização de toda a comunidade da necessidade de se preservar a história.

O primeiro passo foi dado já em 1992 com a Lei de Criação do “Arquivo Público Municipal” – Lei Municipal Nº 2.513 de 23 /12 /1992, na gestão do então prefeito Dr. Pacífico Esties Rodrigues. Primeiro passo este, importantíssimo para que esta nova maneira de se fazer história tomasse forma e conclamasse todos a se empenharem na “guarda” de sua memória.

Para organizar e “guardar” esta memória foi convidada em 1998 a professora de História Marisa Fontes. A organização do Arquivo e a implantação do Sistema de Arquivos em S.D culminou com a sua inauguração em junho de 2000. A partir daí a população viu que de fato a população é o sujeito construtor da História e o verdadeiro guardião das nossas raízes.

Outro passo de igual valor para esta caminhada foi a instituição em 1997 do Conselho Municipal Deliberativo do Patrimônio Cultural, através da Lei Nº 2.981 de 22/04/1997, demonstrando assim que uma política patrimonial vai muito além de se proteger o que é “meu”, “o meu patrimônio”. É desenvolver mecanismos para que gradativamente seja construída uma “Educação Patrimonial” capaz de gerar mudanças significativas.

Uma forma bastante abrangente e eficaz de se alcançar tais mudanças é a política que vem sendo adotada pelo Departamento de Patrimônio Cultural juntamente com o Conselho do Patrimônio e a Divisão de Cultura através dos Projetos Culturais desenvolvidos em parceria com Instituições culturais e educacionais do município.

Foi de grande importância a elaboração da Cartilha “Tombar”, distribuída na Comunidade sandumonense esclarecendo o valor de “resgatar, “preservar” e “proteger” as nossas raízes históricas. Esta Cartilha proporcionou a elaboração De vários Projetos são eles: “Preservar é resguardar”, teve como ponto marcante um Concurso de redação sobre o tema envolvendo toda a comunidade estudantil. O segundo Projeto “Conhecer para Preservar”, contou com a participação dos artistas da cidade em uma Exposição retratando através de suas obras os Bens patrimoniais do município. O terceiro Projeto “Educar para Preservar” propiciou a organização da “I Conferência de Educação e Preservação Patrimonial” de Santos Dumont em 2002 com participação inclusive de técnicos do IEPHA nas palestras. No ano de 2003 realizou-se a “II Conferencia de Educação e Preservação Patrimonial “ – enfocando o tem “Prevenção em Foco”.

Todas estas ações entre outras são mecanismos pelos quais o município tem conseguido sensibilizar o cidadão sandumonense para a valorização e o respeito às suas raízes históricas.

Hoje, o Município de Santos Dumont encontra-se com uma excelente pontuação no IEPHA M. G., resultado do trabalho dos Departamentos da área de Cultura, do apoio da Prefeitura e de toda a Comunidade sandumonense.

“Preservando nossas raízes históricas estamos fortalecendo nossa cidadania e nossa identidade cultural”.

DIVISÃO DE ARQUIVO PÚBLICO E PATRIMÔNO CULTURAL

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